Tansfusão de sangue


ADMINISTRAÇÃO DE SANGUE

TRANSFUSÃO

A administração de sangue obedece aos principios gerais das perfusões endovenosas, havendo que ter em conta alguns pormenores:

  • Verificar cuidadosamente a identidade do doente, a ficha de provas de compatibilidade e o rotulo da unidade. A GRANDE MAIORIA DAS REACÇÕES TRANFUSIONAIS FATAIS são DEVIDAS A ERROS DE IDENTIFICAÇÃO
  • O sangue deve ser conservado em frigorifico apropriado e administrado com a maior brevidade. A exposição do sangue a temperatura ambiente por mais de 30 min pode levar á sua deterioração e contaminação bacteriana.
  • NUNCA AQUECER O SANGUE, se necessário aquecer o doente.
  • O sangue e componentes tem uma viscosidade considerável, sendo a velocidade de administração dependente mais do calibre da agulha do que da pressão hidrostática (altura do saco) ou pressão exterior.

O doente deverá ser vigiado com atenção durante a transfusão sendo aconselhável medir (e registar) a frequência do pulso e a T.A. pelo menos no inicio, meio e fim de cada unidade de sangue.

Uma unidade de sangue (500ml sangue total ou 250ml de conc. GV) não deverá correr em menos de 2 horas (max. 40gtts/min), excepto em situações em que seja necessário restabelecer a volémia rápidamente, nem mais do que 4 horas.

Os sistemas que serviram a sangue não devem ser usados para administração de soluções contendo dextrose ou glucose dado que estes açucares provocam uma aglutinação não especifica dos G.V., podendo causar hemolise 'in vivo'

A unidade de sangue com provas de compatibilade efectuadas é enviada aos serviços com uma ficha em duplicado. Nesta ficha deve ser registado a hora de inicio e fim da transfusão e identificação de quem administrou a transfusão. O original deverá ser colado no processo do doente e a cópia develvovida ao serviço de transfusão. No verso estão descritas as medidads a tomar no caso de suspeita de reação transfusional

Deverão ser registados no processo do doente a transfusão e eventuais complicações.

O Serviço de Hematologia deverá ser informado de todas as reacções anómalas que ocorram no decurso ou após a transfusão, de modo a ser possivel tomar medidas que as evitem no futuro.

ATITUDE A TOMAR NO CASO DE 'TRANSFUSÃO LENTA'

  • Verificar o calibre da agulha - deverá ser 21G ou superior
  • Agitar o saco de sangue  e o filtro do sistema - os leucocitos aglutinam espontânea e irreversivelmente no frio, formando rolhões que obstruem a agulha do sistema e o filtro
  • Verificar e rodar a agulha de conecção com o saco de sangue
  • Certificar que a agulha "está na veia"
  • Ligar uma solução de soro 0.9% NaCl na borracha do sistema, fechar o sistema do sangue e 'limpar' a agulha com 'soro' e abrir o sistema do sangue 'ao maximo'( muito importante - o nivel do soro tem que estar mais alto que o do sangue ). Regular o débito do sangue ajustando o débito do 'soro'( por outras palavras - alterando a viscosidade)

REACÇÕES TRANSFUSIONAIS

Entende-se por reacção transfusional todo e qualquer sintoma ou sinais clinicos anomálos que se manifestam no decorrer e no periodo que se segue a administração de sangue

Algumas destas reacções são comuns a situações de adminstração prolongada de liquidos por via endovenosa.

Assim :

  • Reacções febris por administração de pirogeneos ou contaminantes bacterianos
  • Trombofleblites,embolia gasosa, etc.
  • Sobrecarga circulatoria podendo eventualmente dar insuficiência cardiaca :

Os sintomas mais frequentes são: sensação de opressão torácica ou de afogamento e agitação intensa. Sinais clinícos: congestão da face, polipneia, aumento da T.A. e pulso. Ocorre com frequência em doentes com anemias 'crónicas' ou prolongadas e na grávida. Não é prudente administrar a um doente que não esteja a sangrar mais do que duas unidades de sangue total (3-4 de conc. GV) por dia e o tempo minimo para da transfusão de 1 Un não deve ser inferior a duas horas.

Medidas profilácticas - Administrar o sangue com o doente sentado ou semi-sentado, regular o débito de sangue - 1 unidade em mais de 2 horas, max.2-3 unidades/dia - controlar o pulso com frequência. Tratamento - Furosemide i.v. eventualmente digitalização, estando contra-indicado o uso de oxigénio.
REACÇÕES PRÓPRIAS Á TRANSFUSÃO

DEVEM SER RARAS

Reacções alérgicas por adminstração de alergenos ou de reaginas através do plasma do sangue administrado. Sintomas e sinais clinícos: prurido intenso, urticária, edema angioneurótico, ocorrem precocemente e habitualmente não tem repetição

  •  Incidência 3%
  • Usar anti-histaminícos

Reacções imunológicas - resultam da presenca de anticorpos anti-leucocitarios ou anti-proteinas plasmáticas, sendo frequentes em doentes poli-transfundidos e em multíparas.

  • Incidência 1 em 20000 e manifestam-se por reacção febril, associada a cefaleias intensas, suores frios, tremores e reacção 'urticariforme' e ocorrem no fim da 1ª unidade.
  • A administração de antipirético - aspirina, paracetamol - resolve o problema na maioria dos casos.
  • Se a subida de temperatura for superior a 2°C sobretudo se associada a tremores intensos parar (não tirar ) a transfusão e contactar hematologista.

Reacções hemolíticas

Imediatas - na sequência da destruição intravascular rapida dos G.V. do dador ou do receptor (no caso do uso de sangue dito de "dador universal") por aglutininas 'completas' e manifesta-se por uma situação de choque grave, com frequência precedido de dor violenta no local da punção venosa.

A GRANDE MAIORIA DESTE TIPO DE REACÇÕES DEVE-SE A ERROS DE IDENTIFICAÇÃO DO DOENTE OU CONTAMINAÇÃO DO SANGUE (SANGUE AQUECIDO)

É uma situação grave que requere o apoio de especialista = HEMATOLOGISTA

Tardias - na maioria das vezes silenciosas (ocasionalmente podem dar ictericia fruste 12 a 36 horas após a transfusão) manifesta-se pelo facto de a hemoglobina não subir para os valores esperados após transfusão.

1 UNIDADE de SANGUE = subida de Hb > 1 g/dl

Corolário - a administração de sangue obriga a controle da Hb 36 - 48 após transfusão.
ATITUDE A TOMAR NO CASO DE REACÇÃO TRANSFUSIONAL

  • PARAR a tranfusão e MANTER A VEIA com soro fisiologico 0.9% NaCl
    Informar o Clinico responsavel pela prescrição do sangue
  • Informar o Hematologista de serviço de modo a poderem ser tomadas medidas imediatas para elucidar a situação
    • MORBILIDADE        27 por 10 000 unidades transfundidas
    • MORTALIDADE        8 por 10 000 unidades transfundidas
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